CADERNO DE VIAGENS - suplemento de "Aparas de Escrita"

Locais e ambientes, pessoas e costumes, histórias, curiosidades e acontecimentos.

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quinta-feira, dezembro 28, 2006

INSTANTÂNEOS (6)

► Em todo o Brasil se registaram reacções de várias camadas da população contra o pretendido aumento de 91% dos salários dos parlamentares, decidido sem votação pelas mesas directoras, respectivamente, da Câmara dos Deputados e do senado. Alguns dos protestos vieram mesmo de parlamentares.
► O presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, afirmou em entrevista que os três Poderes, Legislativo, Executivo e Judiciário, são independentes, e, portanto, podem aprovar os aumentos que quiserem. "Cada um arca com as responsabilidades das coisas que foram feitas".
► A Igreja católica está a incentivar os seus crentes a indignarem-se contra o aumento dos parlamentares.
D. Giraldo Magela, Primaz do Brasil, aconselha: "Faça saber da sua indignação" – questiona: "Neste aumento, onde está o povo que eles [os parlamentares] dizem defender?".
► Apesar de ter garantido que não ia desistir do aumento, o presidente da Câmara dos Deputados, Aldo rebelo, do Partido Comunista do Brasil (sem comentários...), foi obrigado pela Justiça a suspender o escandaloso aumento, considerado inconstitucional por não ter sido votado pelos plenários (Câmara e Senado).
► O Orçamento do Estado brasileiro para 2007 será de 1 trilião e meio de reais, cerca de 556 bilhões de euros.
► Em 10 anos, o salário desceu 12% e o desemprego cresceu 50% no Brasil.
Quem diz que tudo vai bem terá de explicar estes dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
► Pelo menos 30 vezes por dia os radares de Brasília apresentam "aviões fantasmas" nos respectivos paineis – declarou um militar de alta graduação da Aeronáutica brasileira.
► O sistema anti-colisão do pequeno jacto americano Legacy que em 29 de Setembro fez despenhar na floresta amazónica um Boeing com 154 passageiros (sem sobreviventes) estava desligado, divulgou no Congresso um dos delegados da Polícia Federal que participa nas investigações.
Falta apurar se o facto se deveu a avaria do equipamento ou a manipulação dolosa dos pilotos americanos.
►Em pleno dia, no centro de São Paulo e à frente da polícia (comprovadamente subornada para o efeito), são vendidos atestados médicos em branco, com o carimbo do médico e o código da doença. Saem dum hospital público e destinam-se, principalmente, a justificar faltas ao trabalho, bastando, para isso, apor o motivo do absentismo e a data.
►Com o agravamento do caos do tráfego aéreo no Brasil durante a quadra natalícia, no dia 26 resgistavam-se algumas centenas de bagagens extraviadas por todo o país.



domingo, dezembro 17, 2006

QUEM PARTE E REPARTE...

O Congresso brasileiro (81 senadores e 583 deputados federais) regateia até ao centavo, dividido entre governistas e oposicionistas, um aumento de 7% (sete por cento) no salário mínimo (com que tem de sobreviver grande parte da população que conta com 40 milhões de miseráveis num total de 200 milhões de habitantes), salário actualmente fixado em 350 reais (129,63 euros).
Entretanto, no dia 14, sem qualquer discussão nem votação dos congressistas, as mesas directoras do Senado e da Câmara dos Deputados passaram por cima da Constituição e aprovaram um aumento de 91% (noventa e um por cento) para os parlamentares.
Com este aumento, a verba total, salários mais benesses inerentes à função, de cada representante do povo passará a ser de cerca de 120 mil reais (44.444 euros).
Isto representa 3 vezes mais do que ganham os seus pares americanos, 5 vezes mais do que os canadianos, e 10 vezes mais do que os argentinos.
Já que o Brasil não tem qualquer comparação, em termos de desenvolvimento económico, com algum destes três países, só pode classificar-se a operação como um descarado e violento assalto do Legislativo aos bolsos dos contribuintes.
O escândalo é tão evidente quanto isto: um parlamentar ganhará num mês aquilo que um trabalhador de salário mínimo ganha em 29,5 anos; estudos recentes dizem que o salário agora aprovado para os congressistas equivale a 22 vezes o salário médio das capitais dos 27 estados da União e do Distrito Federal (Brasília).
Como 60% dos parlamentares se reelegeram para a legislatura que terá início em 2007, este aumento foi um presente de Natal que eles deram a si próprios. E, em jeito de comemoração, no dia seguinte ao da decisão em conluio das duas mesas o plenário fechou: estava completamente vazio, numa clara demonstração de que a defesa dos interesses do povo brasileiro anda por boas mãos.
O presidente Lula, a quem caberá a última palavra, deixou transparecer em entrevista um mal disfarçado desconforto perante a situação, dizendo que é preciso estabelecer um tecto para os aumentos, "é preciso fazer qualquer coisa", mas sem se pronunciar sobre o aspecto ético da deliberação.
É claro que se o presidente, atendendo à indignação generalizada do povo, fosse obrigado a vetar o aumento decidido, abriria um contencioso que lhe dificultaria fazer aprovar na Câmara e no Senado pelo menos alguns projectos de lei, seus ou do seu governo.
Mas isso não acontecerá. A CUT (Central Única dos Trabalhadores), órgão que lhe é afecto, já condenou publicamente o aumento, aliando-se ao repúdio também já expresso pela OAB (Ordem dos Advogados Brasileiros), pela CNBB(Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e por dois partidos da oposição que moveram na Justiça pedido de impugnação do aumento.
No entanto, enquanto o pau vai e vem já muitos esfregam as mãos pelo efeito cascata que o aumento provocará se for definitivamente aprovado. É que outros salários são indexados aos do Congresso. Assim, deputados estaduais e autarcas poderão ver os seus proventos aumentados substancialmente.
Num país em que a distribuição dos rendimentos é a segunda mais injusta do mundo, só ultrapassado por Serra Leoa, em que os deputados, na legislatura que agora termina, não discutiram e muito menos aprovaram a maioria dos projectos legislativos que foram apresentados nos plenários, em que os plenários só funcionaram três dias por semana e, mesmo assim, muitas vezes quase vazios, em que 1 em cada 5 parlamentares tem a decorrer contra si processos judiciais que vão do homicídio à compra de votos, em que durante os últimos quatro de legislatura se assistiu à mais desenfreada roubalheira do Tesouro para comprar parlamentares da oposição, em que centenas de parlamentares foram objecto de processos de cassação por falta de decoro parlamentar e condenados pelos respectivos Conselhos de Ética mas, inacreditavelmente, sempre e de modo sistemático absolvidos pelo plenário mediante voto secreto, num país assim, o cambalacho dos líderes do Congresso para além de uma grosseira provocação à dignidade dos eleitores, principalmente dos mais desfavorecidos, constitui uma perigosa leviandade política.
E uma leviandade política pode custar mais caro ao país do que o aumento agora pretendido – e por tempo indeterminado.



sábado, dezembro 16, 2006

INSTANTÂNEOS (5)

► No estado brasileiro da Paraíba, Nordeste do Brasil, um promotor de justiça denuncia que dos 223 municípios 185 (82%) são administrados com base na corrupção.
► Por falta de meios humanos e materiais, a produção dum relatório criminal no Brasil demora, em média, 83 dias.
► Do total de brasileiros superendividados, 82% não receberam cópias dos contratos, nem foram informados dos juros e das condições de amortização das dívidas, quando contraíram empréstimos junto de instituições financeiras.
► Para os Jogos Pan-Americanos que terão lugar no próximo ano no Rio de Janeiro, nenhum prazo de construção ou reforma das infra-estruturas foi cumprido, tudo está atrasado, e as despesas ultrapassaram algumas centenas de vezes o previsto nos orçamentos.
► O Congresso Brasileiro (Senadores e Deputados) discute ao centavo um aumento de cerca de 7% no salário mínimo (com que sobrevive grande parte da população), actualmente fixado em 350 reais (129,63 euros).
Entretanto, no dia 14 aprovou já, sem discussão, o seu próprio aumento de 91%. Antes deste aumento, os congressistas já ganhavam 3 vezes mais do que os seus pares americanos, cinco vezes mais do que do que os canadianos e dez vezes mais do que os argentinos.
Entre salário e todas as benesses que lhes são concedidas, estavam a auferir à volta de 100 mil reais (37.037 euros) antes do aumento que aprovaram.
► Dos deputados eleitos para a legislatura que começará no ano que vem, 1 em cada 5 responde na Justiça pelos mais variados tipos de crime, de homicídio a compra de votos.
► Gigi, a maior cafetina (proxeneta) do Brasil acaba de ser presa por aliciamento de mulheres para a prostituição.
O negócio, que durava há muitos anos com conhecimento das autoridades, oferecia a clientes seleccionados (endinheirados), no Brasil e no estrangeiro, o que de melhor havia na especialidade, meninas e mulheres famosas, muitas delas capas de revistas e/ou colunáveis, de vida, aparentemente, imaculada.
O grau de celebridade da "acompanhante" era um dos principais factores do preço que mediava 700 reais (260 euros), sendo 25% a comissão de Gigi.
Foi a identidade dos clientes e das "meninas" que permitiu que o empreendimento permanecesse intocável durante tanto tempo. Agora, uns e outros, por motivos diferentes, lamentam (e temem) a prisão da alcoviteira.
Gigi, que num site de relacionamento se apresenta como artista plástica, exibe com orgulho um diploma que lhe atribui bênção papal especial de João Paulo II.
► No Rio de Janeiro foram presos 75 polícias, 8 deles da tropa de elite, por envolvimento com o tráfico de drogas e com a venda de armas e munições a bandidos.
Da rede fazia parte um grupo de angolanos que ministravam treino de guerrilha aos traficantes.



quinta-feira, dezembro 14, 2006

A AVIAÇÃO BRASILEIRA ANDA NAS NUVENS

Muito se encontra ainda por esclarecer e por divulgar quanto ao que acontece nos céus do Brasil, mas o que se passa no dia-a-dia das salas de espera e de embarque dos aeroportos já dá para ter uma ideia do caos em que se tornou o tráfego aéreo brasileiro.
Até aqui, os passageiros do ar viajavam com a serena e inocente confiança que proporciona a ignorância do perigo. As coisas mudaram no dia 29 de Setembro, quando um pequeno jacto táxi-aéreo da classe Legacy, para 13 pessoas, colidiu com um Boeing 737 que acabou por se despenhar na floresta amazónica, resultando daí a morte dos 154 ocupantes.
Mesmo sem que se tenha iniciado qualquer inquérito, foram atribuídas responsabilidades aos pilotos do pequeno jacto, dois americanos que conduziam o aparelho comprado no Brasil a um fabricante brasileiro. Muitas e variadas foram as acusações veiculadas pela comunicação social: que não respeitaram o plano de voo, que não responderam aos pedidos de comunicação da torres de controlo, que desligaram o equipamento anti-colisão, o mesmo que, ao mesmo tempo, permite obter em cada instante o posicionamento do avião, e, finalmente, que fizeram manobras radicais.
Nem todas as acusações, estas e outras, foram ainda cabalmente provadas.
Os pilotos ficaram retidos no Brasil até que, cerca de dois meses após o acidente, puderam regressar aos EUA depois de ouvidos pela primeira vez pela Polícia Federal que os indiciou por responsabilidade na morte das 154 pessoas que seguiam no Boeing.
Ao mesmo tempo, tentou-se justificar, em parte, o acidente pela má qualidade da aparelhagem anti-colisão do Legacy, que teria sido já substituída por outros equipamentos nos aviões europeus.
Também isto não ficou provado.
A catadupa de explicações que encharcaram a comunicação social antes de qualquer inquérito sério, rigoroso, técnico, concludente devem-se, por uma lado, à avidez de notícias em primeira mão por parte dos órgãos de informação; por outro, à tentativa de abafar o impacto das entrevistas dadas a cadeias de televisão americanas pelo repórter e colunista do diário "The New York Times" Joe Sharkey, um dos passageiros do Legacy. O jornalista denunciou a existência de "zonas cegas" no céu brasileiro, onde as comunicações entre aviões e torres de controlo seriam difíceis e, nalguns casos, impossíveis, tornando as viagens pouco seguras. O local onde se deu a colisão entre os dois aparelhos seria uma dessas zonas cegas.
O governo brasileiro considerou mentirosas e irresponsáveis as declarações de Sharkey. Mostrou-se melindrado com os americanos, e argumentou que a sua pretensão seria a de ilibar de culpas os dois patrícios que conduziam o táxi-aéreo.
Mas logo de seguida surgiram depoimentos de comandantes de voo brasileiros, confirmando dificuldades e impossibilidades pontuais de comunicação no espaço aéreo do Brasil.
Foi então que começaram a circular algumas insinuações sobre uma duvidosa competência dos controladores de voo.
Sentindo-se feridos na sua dignidade profissional, os controladores vieram, então, para a praça pública lavar a roupa suja que já não cabia em casa. Foi assim que a população ficou a conhecer as misérias dessa profissão no Brasil: salários baixos, militarização da actividade e controlo de aviões em número muito superior ao aconselhado pelas organizações internacionais especializadas foram as queixas mais em evidência.
O Governo não gostou, tanto mais que os controladores de tráfego aéreo estão sujeitos ao regime militar, e colocou-os em prontidão permanente por tempo indeterminado, sem permissão de abandono dos postos de trabalho – as torres de controlo.
Impossibilitados de fazer greve devido ao foro militar da profissão, os controladores adoptaram o que ficou conhecido como "plano padrão": limitaram-se a monitorar apenas o número de aviões estabelecido pelo regulamento (cerca de menos seis aviões por cada profissional) e os restantes ficaram às voltas no ar ou paralisados no solo.
Assim se gerou a balbúrdia nos aeroportos brasileiros, com centenas de voos cancelados e muitas centenas de voos atrasados, alguns com mais de 18 horas de retardamento. Milhares de passageiros a reclamar em vão, sem qualquer apoio das entidades públicas ou privadas envolvidas, aglomerados nas salas de espera e de embarque dos aeroportos, dormindo nos bancos e no chão, misturados velhos com crianças de colo, mulheres grávidas com adolescentes, num ajuntamento indignado, impotente e infeliz.
O fim-de-semana prolongado em que tudo começou contribuiu para aumentar a confusão e a ira dos passageiros: cirurgias adiadas após uma espera de muitos meses ou anos, negócios perdidos depois de tão cuidadosamente planeados, férias há tanto desejadas e acabadas sem terem começado, marcações hoteleiras e circuitos turísticos cancelados.
Figuras da Aeronáutica são chamadas a dar público testemunho de que tudo está em vias de normalização, mas vão deixando cair algumas dicas de que há graves falhas no sistema.
O presidente da República, chefe do Governo, recém-reeleito Luís Inácio Lula da Silva, dá sinais de irritação. São feitas substituições na hierarquia da Força Aérea.
O ministro da Defesa, de quem dependem os controladores, declara a torto e a direito que tudo está bem, quando tudo vai de mal a pior. Perante perguntas incómodas dos jornalistas, diz não ter dados sobre o assunto. De tanto negar a s evidências, acaba por tornar-se ridículo e dar uma acabada imagem de incompetência.
O Governo vê-se obrigado a fazer promessas aos controladores e cedências em áreas delicadas, como a do regime militar que passaria a civil. Efectuam-se, à pressa, transferências de pessoal, convocam-se reservistas, e procede-se a um recrutamento que já deveria ter sido feito há muito. São desbloqueadas verbas cortadas em anos anteriores.
E quando tudo parecia encaminhar-se para a normalização, nova crise explode no mês do Natal.
Mais uma vez os aeroportos são cenários de desordem, confusão e revolta.
Centenas de voos atrasados, dezenas deles cancelados.
Salas de espera e de embarque lotadas, gente espalhada pelo chão.
As bagagens partem e os passageiros ficam.
Não há qualquer apoio aos viajantes, nem de alimentação, nem de alojamento.
As informações, quando chegam, são contraditórias.
"O aeroporto de Congonhas [o principal de São Paulo] está operando normalmente", diz o alti-falante da sala de embarque. E, logo a seguir, outra voz pelo mesmo alti-falante: "Não há previsão de horário para nenhum voo da TAM" [uma das operadoras aéreas brasileiras].
Uma menina de dez anos demorou 30 horas para fazer a viagem de Brasília para Belém (cerca de 2000 km). Dormiu na sala de embarque do aeroporto, embora a companhia aérea informasse a família de que a alojara num hotel. De facto, providenciara-lhe alojamento, mas não num hotel e sim num motel, local onde, no Brasil, se encontram os casais casuais que pretendem estada de curtíssima duração.
A norte do Rio de Janeiro, numa zona que é considerada a de maior número de pousos e descolagens de helicópteros "acidentes só não acontecem por acaso, porque há mais de um mês os controladores trabalham sem radares" – denúncia de um piloto com mais de 18 anos de profissão.
Por todo o Brasil aviões pousam sem que os controladores se apercebam, por falha nas comunicações e por cegueira temporária dos radares.
Apurou-se que o jacto Legacy que abalroou o Boeing tentou sem êxito, por 19 vezes, o contacto com a torre de controlo.
Numa entrevista às televisões, o chefe da Aeronáutica declarou, sem margem para dúvidas, que o material de comunicações, apesar de ter apenas 6 anos, estava desgastado. Pouco depois, ao ser confrontado com a afirmação, negou aos jornalistas que dissera tal. Tanto a afirmação quanto a negação passaram nos écrans.
O Tribunal de Contas da União (TCU) apresentou um relatório preliminar em que atribui o colapso aéreo à falta de investimento do Governo em pessoal, equipamento e manutenção. Nos últimos três anos não foram desbloqueados 520 milhões de reais (cerca de 192,5 milhões de euros) que constavam do Orçamento do estado para a segurança aérea.
A última crise foi desencadeada por uma avaria no sistema de comunicações. O técnico de manutenção da Aeronáutica que o "reparou" colocou uma placa de forma invertida, o que agravou a situação e dilatou o tempo de diagnóstico e reparação.
Uma comissão de deputados fala em sabotagem na actuação dos controladores de voo.
Agências públicas de direito dos consumidores aconselham os passageiros a exigirem compensações das transportadoras aéreas.
As operadoras recusam-se a pagar indemnizações, atribuindo todas as responsabilidades da crise ao Governo.
O ministro da Defesa, que nunca sabe de nada, tal como o seu chefe, o presidente Lula, em entrevista concedida no passado dia 11, recomendou "reza e muita fé para que o colapso não se repita no fim do ano".
O mesmo ministro, no meio da confusão, aproveitou para pedir aumento de salário para os controladores... e para si próprio...
Inacreditável? Nem por isso: como quase tudo no Brasil, também a aviação anda nas nuvens.



terça-feira, dezembro 12, 2006

INSTANTÂNEOS 4

► Apesar do muito sol, da muita luz, existem no Brasil 17 milhões de pessoas sofrendo de depressão.
► O maior número de dependentes de álcool no mundo situa-se no Brasil, e cifra-se em 19 milhões.
► Apenas 4 dos 10 milhões de armas do país estão devidamente cadastradas.
► Uma campanha governamental em 2005 levou à entrega voluntária, por parte dos cidadãos brasileiros, de 420 mil armas ilegalmente detidas pelos seus possuidores.
"Quase todas foram destruídas".
Convém perguntar: "E o que aconteceu ao restante do quase?".
► O STE (Supremo Tribunal Eleitoral) detectou irregularidades no financiamento da rente campanha eleitoral do reeleito presidente Luís Inácio Lula da Silva, que terá recebido dinheiro de empresas concessionárias de serviços públicos, o que, além de nada ético, é proibido. O TSF pediu esclarecimentos ao presidente e ao responsável financeiro do PT (Partido dos Trabalhadores), partido a que o presidente pertence.
► Os prejuízos causados pela colocação no mercado de produtos pirateados aumentaram 45% em relação ao ano passado, e representam metade do déficit da segurança social.
A produção e a venda de objectos ilegalmente copiados impediram a criação de 2 milhões de postos de trabalho.
► "Neste tipo de democracia representativa, é eleito quem tem o dinheiro dos bancos e das grandes empresas" – opinião de um jornalista convidado a participar num debate da TV Cultura.
► Todos os anos um milhão de menores brasileiras se submetem a abortos clandestinos, num total de 4 milhões efectuados anualmente no país. Devido às más condições de realização, 20% das jovens morrem.
► Pela segunda vez o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) rejeitou as contas da campanha eleitoral que conduziram à reeleição do presidente Luís Inácio Lula da Silva.



terça-feira, dezembro 05, 2006

INSTANTÂNEOS 3

► Em 2006, as despesas do Estado Brasileiro cresceram 6,4% e o PIB cresceu 2,7%.
"Não é preciso ser um físico para perceber que isto tem de explodir" – Delfim Neto, professor universitário, economista e deputado do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), partido que apoia o governo do presidente Lula da Silva.
► O PIB cresceu 0,5% no último trimestre. O ministro da Fazenda disse que esperava mais.
► Registou-se um aumento da inflacção acumulado até Novembro deste de 3,5%. O preço dos alimentos constituiu o principal factor de crescimento do custo de vida.
► O presidente Lula diz ter sido apanhado de surpresa perante o mau desempenho da agricultura.
► Um prejuízo de 2 milhões de reais (1 real vale cerca de 0,37 euros) foi o resultado de 559 mil fraudes nas pensões atribuídas pelo INSS (Instituto Nacional de segurança Social) em 2006.
► Durante o ano foram apreendidas 10.500 armas de fogo a criminosos por todo o país. Destas, 70% saíram do comércio legalizado, 18% pertenciam ao Estado (forças militares e militarizadas, que podem comprar até três armas novas a cada dois anos, sem qualquer controlo), e 14% foram exportadas legalmente e regressaram como contrabando. Estas as principais fontes de armamento do crime no Brasil.
► A Delegacia do Turismo no Rio de Janeiro tornou-se ponto de paragem obrigatório, mesmo antes da entrada no hotel, para 1895 turistas, tantos quantos já foram vítimas neste ano de roubos e furtos à chegada à "cidade maravilhosa".
► O roubo de cargas de camionetas e camiões representa, desde o início do ano, uma perda de 1,5 milhões de reais.
► Os possuidores de linhas telefónicas foram lesados em oito meses em 8 milhões de reais, devido à clonagem dos seus números para membros do crime organizado. Os "técnicos de clonagem" são funcionários de companhias de telefones, nos quais se inclui o namorado de uma presidiária.
► O tecto salarial dos servidores públicos do país (24.500 reais por mês, contra 350 para a maioria da população) é largamente ultrapassado por 2978 funcionários, abrangendo 20% dos desembargadores e três juízes do supremo. Todos eles reclamam por um aumento de ordenado.
► Há 1222 postos de prostituição de menores nas estradas do Brasil, principalmente nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná.
► O maior produtor de feijão do mundo, brasileiro, tem estado preso sob a acusação de ter mandado assassinar quatro fiscais do ministério do trabalho que apuravam queixas de irregularidades na região, e o tinham multado em 200 mil reais. Um juiz, considerando que não foi provado que a sua libertação prejudicaria as investigações em curso, mandou soltá-lo. Um irmão do fazendeiro, que também estava detido, foi eleito presidente do seu município enquanto se encontrava na cadeia, e vai responder em liberdade e em regime beneficiado devido ao cargo que ocupa.



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