► O crescimento diário da violência no Brasil não consegue motivar a atenção dos parlamentares para os 150 projectos de segurança pública que se encontram congelados no senado, aguardando apreciação e votação.
► Grandes empresários do comércio por grosso no Brasil (chamado comércio atacadista) foram presos por envolvimento no roubo de cargas de camiões. As mercadorias eram desviadas para os armazéns dos comerciantes ladrões, e daí distribuídas pelos revendedores.
► Ainda Bush não tinha chegado ao Brasil (aterraria em São Paulo horas depois) no início do seu périplo de sete dias pela América Latina, e já tinha provocado: um engarrafamento na cidade da ordem de 1h45 para percorrer 3 quilómetros, na mais movimentada avenida de São Paulo; manifestações contra a sua presença no Brasil, realizadas em diversas cidades por representações de variadas organizações sociais; a ira de populares que o apelidaram de "terrorista"; tumulto, pancadaria e violência em confrontos entre a Polícia e manifestantes; polícia feridos, manifestantes espancados.
Quem terá dado ordem para maltratarem os que não gostam de Bush e assumem o direito de o dizer nas ruas?
► Comentadores e analistas de política dizem que a pretexto de razões económicas (aliança com vista a criar uma parceria para desenvolver a produção de etanol como combustível, de que o Brasil não precisa por produzir muito mais e muito mais barato do que os EUA), a visita de Bush ao Brasil tem razões políticas de fundo, a principal das quais seria o perigo para os EUA da crescente influência esquerdista na América do Sul protagonizada pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez. A América do Sul possui das maiores reservas de petróleo e gás natural do planeta. Uma desestabilização nesta área, liderada por Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) ou qualquer outro que tal, seria mais uma dor de cabeça para a Administração Bush, já tão ineficaz em soluções para os problemas (que muitas vezes cria) por esse mundo fora.
► Em cada 10 exportações brasileiras para os EUA, 5 estão sujeitas a pesadas taxas alfandegárias. Só em produtos agrícolas, as perdas são da ordem dos 17 milhões de dólares. O etanol sofre um imposto de 46% para proteger o produto americano. Bush quer comprar mais álcool combustível mas com as mesmas restrições alfandegárias. Americano, seja ele de que cor política for, é todo igual.
► Improvisando uma operação de controlo de trânsito na estrada, dois agentes da polícia (verdadeiros) raptaram um empresário, e obrigaram-no a levantar dinheiro em várias caixas automáticas. Denunciados por populares, foram perseguidos. Após algumas trocas de tiros, acabaram detidos. Negaram o rapto (esperava-se o quê?) mas não foram capazes de justificar a enorme quantidade de dinheiro que traziam nos bolsos das fardas.
► No Rio de Janeiro uma quadrilha refinava heroína em laboratório próprio. No desmantelamento, concluiu-se que de cada 50 kg de produto bruto se obtinham 1,5 toneladas de droga para consumo. Não há nenhum investimento legal que proporcione tais lucros...
► Uma menina de 7 anos distribuiu pelos colegas de escola pequenas pastilhas de veneno para ratos, "pensando que se tratava de doces". Foram hospitalizadas 6 crianças. O veneno, chamado "chumbinho", tem proibição de venda há muito tempo, mas é disponibilizado na rua por vendedores ambulantes em todo o Brasil.
► Desabafo de um responsável policial: "Pessoas influentes envolvidas com pessoas influentes associam-se para dificultar a actividade da Polícia. Esta é a cara do crime organizado no Brasil. Por outro lado, como a Justiça se arrasta, muitos corruptos ficam sem punição".
► Desabafo de um responsável da OAB (Ordem dos Advogados Brasileiros): "A Justiça brasileira é de uma lentidão insuportável, e isso beneficia os ricos, porque estes podem contratar advogados que conseguem adiar por anos o julgamento dos processos.
► Em São Paulo, uma jovem filha de família muito rica (negócio de construção civil) formou uma quadrilha com o namorado bandido e dois amigos deste. Depois de vários assaltos a casas de jogo que, simultaneamente, servem de agência bancária (casamento funesto especialmente compreensível no Brasil) a mocinha e dois cúmplices foram presos. O namorado desapareceu (o amor bandido tem destas coisas). Ao ser detida pela Polícia, a jovem disse que o pai tem muitos conhecimentos e que, portanto, nada lhe acontecerá; uma declaração pública de garantia de impunidade – sem grandes dúvidas de que assim possa acontecer.
► Paulo Maluf é um político malandro e ladrão muito conhecido no Brasil (e noutras zonas do mundo, em particular off-shores) – ele e a família, malandra também. Foi presidente do município de São Paulo e governador do mesmo estado. Roubou o que pôde dos cofres públicos, e o que não pôde deixou para o clã familiar roubar. Preso e solto várias vezes, sempre declarou a sua inocência, às vezes com as lágrimas de quem se sente ultrajado. Agora, na excelentíssima mansão em que vive com o clã, construída com o dinheiro dos contribuintes, teve a triste notícia (ó, coitado) de que a Polícia dos EUA pede a sua captura por lavagem de dinheiro, entre outras coisa – dinheiro proveniente da corrupção. Só em referência a três anos, foram detectados 140 milhões de dólares passados por uma única conta de um paraíso fiscal. Mas Maluf tem várias contas em vários paraísos. Uma curiosidade tipicamente brasileira: apesar de os "escândalos Maluf" percorrerem os órgãos de comunicação social há vários anos, Maluf conseguiu ser eleito deputado nas últimas legislativas (Outubro de 2006), engrossando o clube da malandragem que habita o Congresso brasileiro.
► "Brasil e Índia têm muitas semelhanças na economia e nos hábitos. A Índia exportou para o Brasil produtos no valor de 1,47 bilhões de dólares. O Brasil exportou para a Índia produtos no montante de 937 milhões de dólares". Sem comentários.
► Em bairros periféricos do Recife (capital do estado nordestino mais miserável do Brasil, onde foram gastos alguns bilhões de reais com o Carnaval, valendo 1 real cerca de 0,37 euros) menores armados vigiam de dia artérias e residências para poderem efectuar assaltos de noite.
► Em menos de 48 horas, 5 agentes da Polícia foram assassinados no Rio de Janeiro, e bandidos lançaram duas granadas contra bombas de gasolina. Não há presos.