CADERNO DE VIAGENS - suplemento de "Aparas de Escrita"

Locais e ambientes, pessoas e costumes, histórias, curiosidades e acontecimentos.

Statistiche sito,contatore visite, counter web invisibile TRANSLATE THIS PAGE

quinta-feira, outubro 19, 2006

CIDADE MARAVILHOSA

Sábado, 14, cerca das 17h30, a noite acabava de se fechar sobre o Rio de Janeiro.
Uma dúzia de empresários chineses, em visita de negócios ao Brasil a fim de estudar a possibilidade de investimentos, regressava de Manaus, capital do Estado da Amazónia onde já tinha feito a prospecção.
Quase à chegada ao hotel em que as reservas para a pernoita tinham sido feitas, em plena cidade, o pequeno autocarro (chamado aqui micro-ônibus) da companhia de viagens que os transportava e apoiava foi forçado a parar e, logo de seguida, invadido por homens armados.
Em pouco tempo os passageiros – e só os passageiros, motorista não – foram despojados de todos os seus haveres: telefones, câmaras fotográficas e de filmar, jóias, 27 mil dólares em dinheiro, toda a bagagem de mão e os passaportes.
Consternados e revoltados, os empresários chineses mostraram perante as televisões que os entrevistaram que o sorriso permanente e a serenidade que lhes atribuem podem reverter-se no contrário, se as condições exteriores se alterarem em seu desfavor. Foi assim que exibiram uma raiva mal contida, ao mesmo tempo que se diziam espantados com o acontecimento: eles, como a maioria dos turistas estrangeiros que visitam o Brasil, não estão habituados a este tipo de "boas-vindas".
Concluíram que nunca mais viriam ao Rio de Janeiro (e ao Brasil, logo se verá...). Sem mais demoras, na manhã seguinte partiram para França, a caminho da China.
A decisão das centenas de roubados e agredidos, suas famílias, principalmente dos assassinados, e seus amigos é sempre a mesma: esquecer o Brasil de má memória. E aos que nunca aqui estiveram mas conhecem histórias semelhantes, a vontade de vir esmorece e acaba por direccionar-se para regiões onde os direitos alheios, em particular o da segurança do visitante, são reconhecidos e respeitados.
O gerente do hotel onde os empresários chineses ficaram hospedados no Rio disse à comunicação social que este caso foi um acto isolado, que não tem havido assaltos, e que o policiamento é exemplar. Fez o seu papel na defesa do seu negócio.
Mas o motorista dum autocarro de turismo, com a garantia de não ser identificado declarou sem reservas, de forma categórica, que os assaltos em geral, e em especial aos transportes de turistas, são constantes naquela zona e já não causam admiração aos moradores.
Sendo assim tão frequentes e com características tão bem definidas, é certo e sabido, público e notório, que a polícia já tem um perfil dos assaltantes, para não dizer que, muito provavelmente, saberá quem são.
Pois bem: no momento em que ocorria a surtida sobre os empresários chineses, um carro da polícia permanecia estacionado a menos de cem metros do local.
Como nada se descobriu sobre o produto do roubo nem seus autores, poderá presumir-se que as autoridades da ordem pública e defesa do cidadão se encontravam ali para dar cobertura aos bandidos.
Assim, mais uma vez...



[View Guestbook] [Sign Guestbook] Votez pour ce site au Weborama Estou no Blog.com.pt
eXTReMe Tracker Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons para José Luiz Farinha.