CADERNO DE VIAGENS - suplemento de "Aparas de Escrita"

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sábado, junho 11, 2005

DIA DOS NAMORADOS

O namoro é tão antigo quanto o aparecimento do ser humano no planeta.
O Dia dos Namorados é tão recente quanto o aparecimento do marketing na economia de mercado.
Do ponto de vista dos negócios, é mais um dia para tentar incrementar as vendas (em grande parte de inutilidades de ordem prática) numa economia desastrosa e globalmente arruinada, salvo algumas invejáveis excepções, embora não muitas.
Na maior parte do mundo celebra-se no dia 14 de Fevereiro, dia de São Valentine, aportuguesado de Valentim, com base numa das várias versões disponíveis na tradição para justificar a data.
São Valentim teria sido um bispo romano do século III da nossa era. Ao tempo, o imperador de Roma, Cláudio II, pretendendo armar um numeroso e aguerrido exército, proibiu o casamento de jovens, baseando-se na ideia de que se os soldados fossem solteiros e sem família, melhor cumpririam as missões bélicas.
O bispo Valentim, achando a ordem imperial injusta e desumana, continuou a celebrar casamentos de jovens, clandestinamente.
Descoberta a prática, acabou preso e condenado à morte. A filha do carcereiro, uma moça cega, pediu para o visitar. Foi-lhe concedido. Os dois se apaixonaram. Valentim escreveu-lhe um bilhete em que revelou o seu amor, terminando "do seu Valentim", fórmula hoje usada pelos anglo-saxónicos ("from your Valentine") nos bilhetes que nessa ocasião oferecem às namoradas. A 14 de Fevereiro foi decapitado. Os namorados, se bem que alguns deles não o saibam, prestam-lhe homenagem, fazendo dessa data um dos dias comemorativos mais bonitos e significativos do ano.
No Brasil, o dia escolhido foi o 12 de Junho, colado aos festejos de Santo António, o santo casamenteiro a quem recorre toda a moça, mulher ou velha desejosa de arranjar um marido. É de lógica igualmente aceitável, e quem o discorreu foi o publicitário João Dória, instituindo o Dia dos Namorados em 12 de Junho de 1949, através de uma campanha para a loja Clipper, hoje desaparecida. O objectivo seria aumentar as vendas, sempre em baixa nessa época do ano. E assim ficou, na dupla acepção de namoro e vendas.
Do ponto de vista romântico, afectivo, humano, enfim, é uma data propícia à reflexão por parte dos que já foram, são ou anseiam vir a ser namorados.
Por estas bandas, entrou no vocabulário recente do relacionamento o termo ficar, e a praxe que o sustenta tornou-se uma moda: usar e pôr de lado; usar e deitar fora. O parceiro é, pois, considerado um objecto descartável, seja ele ou ela. Alguns beijos, mais ou menos sensuais, alguns toques, mais ou menos eróticos, e adeus que se faz tarde, já tenho alguém à espera para o mesmo esquema.
Os jovens que o praticam distinguem-no nitidamente do namoro, com o qual, de resto, é incompatível em absoluto.
Apesar de moda e, como todas as modas, febril, sem conta são os jovens que reclamam um namoro, que se declaram namorados ou que optam por estar sozinhos se o preço de alguma companhia se reduzir a um insignificante ficar, embora seja muito mais fácil, mais prático e mais cómodo ficar do que namorar.
O ficar é a ilustração vivida daquela cantiguinha portuguesa de mau gosto: "Quem me dera a liberdade que a pulga tem no lençol: apalpava as moças todas, esta é dura aquela é mole".
Uma vez ganha essa liberdade, salta-se de parceiro em parceiro, e pouco mais há a dizer. Sobra a eloquência do vazio deixado.
Geralmente, no dia seguinte não se falam, não se conhecem. Mesmo estando na mesma turma ou vivendo no mesmo prédio, são dois estranhos. Se um deles se aproxima para refazer o contacto, buscando algum afecto, é pronta e brutalmente rejeitado como se uma medonha ofensa tivesse cometido.
A frustração que nasce dessa troca vai sendo passada de parceiro a parceiro, até que algum soçobra e ruma por caminhos ainda mais tortuosos, em busca do amor que não conseguiu alcançar.
Parece-me perceber que o ficar decorre da experiência adquirida nos modelos familiares onde as relações se fazem e desfazem ao ritmo dos dias, ou em que as infidelidades são constantes permitidas a troco de uma falsa segurança. A terapia que se preconiza para os jovens, deveria, então, ser extensiva às famílias, quando não começar por elas.
Por seu lado, namorar é necessário e sadio, ainda que difícil. Implica estar atento e ter paciência para descobrir. Querer e decidir mudar quando isso fizer crescer. Ter coragem para reconhecer ao outro a igualdade, respeitando as diferenças. Seguir em frente com serenidade, fruindo o prazer da companhia do outro, embora sabendo de antemão que sempre haverá provas, desafios, dificuldades para resolver.
Já não há namoros de 5, ou 6, ou 8, ou mais anos. Os ritmos apressados dos tempos correntes não se compadecem com tais prazos, nem eles são necessários hoje, numa sociedade que se pretende de abertura e de comunicação. Mas é possível haver namoros de uma vida inteira, já que namorar é conhecer e conquistar. Pois não é verdade que nunca se conhece totalmente uma pessoa? Há sempre algo para descobrir e que, ao ser revelado, poderá contribuir para cultivar e fortalecer a relação. Quanto à conquista, se a sua intenção for permanente para com o companheiro, a rotina, tão acusada de destruir casamentos, não terá oportunidades.
Enfim, namorar poderá ser penoso no imediato, mas traz benefícios e felicidades a prazo. Ficar será um prazer imediato, com perda e esquecimento no imediato também.
Pensando nisso, parece-me preferível gastar uma vida namorando, do que perder um dia no ficar.
Tenhamos, então, um bom Dia dos Namorados.



1 Comments:

Blogger Unknown said...

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sexta-feira, maio 05, 2017 9:18:00 da manhã  

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