CADERNO DE VIAGENS - suplemento de "Aparas de Escrita"

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domingo, maio 27, 2007

INSTANTÂNEOS (17)

► "O assalto ao banco nosso de cada dia".
Mais palavras para quê? Isto é Brasil
► Perante uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), um controlador de tráfego aéreo declarou que há 15 dias esteve perto um novo desastre nos céus do Brasil por iminência de colisão entre um Boeing lotado de passageiros e um avião da Força Aérea. Confirmou que há zonas cegas e muitos problemas com o equipamento.
► "A maioria dos controladores de tráfego aéreo brasileiros tem outras profissões e não fala Inglês".
► Há mais de 20 dias a USP, Universidade de São Paulo, está ocupada por estudantes, funcionários e, mais recentemente, por professores também. Eles reivindicam aumento de verbas, mais autonomia e obras nos edifícios danificados. A USP tem 80,5 mil alunos, 5 mil professores e 15 mil funcionários.
► Cada estudante da USP custa aos cofres públicos 42 mil reais (16 mil euros).
► Pesquisa realizada por uma universidade brasileira, revela que as faculdades de Medicina e de Odontologia do país não preparam os futuros profissionais para emitirem diagnóstico em situações de dor crónica.
►A população brasileira cresceu 4 vezes em 60 anos e, embora a taxa de analfabetismo tenha sido reduzida a um quinto do que era, manteve-se o número absoluto de analfabetos.
► O Brasil é o país onde os jovens mais consomem álcool. O número estimado de alcoólicos é de 13% da população. Os acidentes de trânsito ocasionados por álcool representam 61% do total de desastres.
► Desde o início do ano, o número de atingidos por balas perdidas no Rio de Janeiro devido aos recontros entre Polícia e bandidos é de 88 (mais 34% do que em igual período do ano passado).
► A deslocação do bandido Fernandinho Beiramar para novo julgamento no Rio de Janeiro, desta vez apenas para audição de testemunhas, custou ao erário 17 mil reais (6 mil e 300 euros). Nas 17 viagens já efectuadas, gastaram-se 220 mil reais (81,5 mil euros). Beiramar era procurado por várias Polícias, incluindo a americana, como um dos maiores traficantes de droga do globo. Acabou por ser preso na Colômbia. Ele é, também, o chefe do crime organizado no Rio, líder da organização "Comando Vermelho".
► No Rio de Janeiro foi desmantelada uma quadrilha de roubo de automóveis, à razão de 10 carros por semana, destinados a desmancho para venda de peças no mercado paralelo. O chefe da quadrilha era um agente da Polícia, coadjuvado por um bombeiro. O grupo possuía 23 armazéns para o efeito, e estava, também , ligado a tráfico de drogas e assassinatos.
► Numa macro operação designada "Navalha", a Polícia Federal prendeu 46 indivíduos (ex-governadores de estado, deputados, autarcas, funcionários federais, um assessor especial de ministro, um alto responsável da Caixa Económica Federal, empresários), implicados num golpe de corrupção de funcionários públicos e fraude em licitações de obras públicas. A sangria, à razão de 2 milhões de reais por mês (741 mil euros) em 9 estados e no Distrito Federal, já vai em 100 milhões de reais, de 2000 a 2006 (37 milhões de euros), acrescidos de 75 milhões de reais (28 milhões de euros) gastos em convénios e avenças. As licitações eram sempre ganhas pelo mesmo empresário, "dono" de 14 empresas fantasmas, que, muitas vezes, não tinha concorrentes. As obras (casas populares, edifícios públicos, quadras desportivas, pontes, estradas, ruas, abastecimento de electricidade a povoações e outros grandes empreendimentos) ou nunca foram começadas, ou foram abandonadas no início após o recebimento do dinheiro do contrato. Outras foram efectuadas com tais deficiências que se tornaram inutilizáveis logo a seguir à inauguração.
► O ministro das Minas e Energia, sob suspeita da operação "Navalha" de ter recebido 100 mil reais de comissões (37 mil euros), pediu a demissão. Ele pertence ao PMDB(Partido do Movimento Democrático Brasileiro), da coligação que apoia o presidente Luís Inácio Lula da Silva. Tinha sido indicado para o ministério por duas figuras de proa: o senador Renan Calheiros, presidente do Senado, e o senador José Sarney, ex-presidente da República, chefe do clã da poderosa família Sarney, de que alguns dos seus integrantes andam envolvidos em escândalos políticos e financeiros. Após a denúncia de envolvimento do ministro, os dois deixaram-no cair, daí o seu pedido de demissão. Entretanto, para escolha do substituto, foram consideradas as opiniões daqueles dois senadores e do próprio ex-ministro (palavras para quê? Isto é Brasil).
► "O presidente do Senado, Renan Calheiros, é o político do alto clero [de maior influência] mais citado nos grampos [escutas] telefónicos que captaram as conversas do dono da Gautama [a empresa de construção civil cabecilha do escândalo], Zuleido Veras, e de seus interlocutores, quando o tema são as obras federais em Alagoas [estado Nordestino]. Num diálogo com um funcionário da Gautama, Rosevaldo Pereira de Melo, Zuleido quer demonstrar que tem intimidade com o presidente do Senado e aposta que ele não interferiria para resolver uma pendência da Secretaria de Infra-Estrutura de Alagoas.
Era 30 de Junho do ano passado e, logo em seguida, Zuleido é lembrado por Fátima Palmeira [funcionária da empresa] de que era aniversário de Renan. Ele pede que Fátima mande telegrama de felicitações. Em fevereiro, Fátima encontra-se em Salvador e fala ao telefone com outro funcionário da empresa, Fernando, que está em São Paulo. O nome do governador de Sergipe, Marcelo Déda, surge na conversa sobre Renan. O grampo anota: 'Fernando diz que, em Maceió, esteve com Renan Calheiros, ele falou que vai sair 'um bilhão', para Marcelo Déda dar continuação à adutora do São Francisco (SE)... que Renan garantiu que não vai faltar dinheiro pra obra de Pratagy (Rio Pratagy) e que deverá haver ampliação...'.
Em junho de 2006, Zuleido recebe telefonema do funcionário da Secretaria de Obras de Camaçari Everaldo José de Siqueira Alves e ouve a recomendação de que 'tenha cuidado com Olavinho, pois parece que o mesmo fica em cima'. Olavinho, segundo anota o policial encarregado da escuta, é o deputado Olavo Calheiros, irmão de Renan.
No dia 23 de abril do ano passado, o grampo da PF flagra uma conversa do secretário de Infra-estrutura de Alagoas, Adeilson Teixeira, e o representante do governo de Alagoas em Brasília, Eneas de Alencastro Neto. Os dois tratam de inclusão de obras de Alagoas no PAC e falam de Renan e da ministra Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil da Presidência da República.
'Enéas diz que eles vão tocar a parte deles, que, se depois Renan decidir com Dilma, com quem for, decidir que a Prefeitura entra, que aí eles estão habilitados e que aí eles sentam com eles em pé de igualdade, que não senta na mão deles', diz a transcrição".
► O alvoroço, com insultos e ameaças, quase de confronto físico, entre governistas e oposicionistas, criado na Câmara dos Deputados por causa de uma possível CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para levar às últimas consequências uma investigação sobre a operação "Navalha", indicia que muitos dos parlamentares estão envolvidos, directa ou indirectamente, no escândalo.
► Um juiz do STF (Supremo Tribunal Federal) viu o seu nome envolvido no escândalo "Navalha", por constar de uma lista de beneficiários de "presentes" distribuídos pela empresa de construção civil, conhecida como cabeça da máfia das Obras Públicas. Dizendo-se inocente, porque o seu nome na lista pertenceria a outro indivíduo, o juiz, muito irritado, classificou a informação de "canalhice", e insurgiu-se contra a imprensa que divulgou a lista de corruptos. No entanto, não foi capaz de justificar juridicamente a sua ordem de soltura para muitos dos implicados, alguns dos quais nem sequer foram ouvidos.
Mas... irritações e juras de inocência está o país farto de ouvir aos maiores malandros da sociedade brasileira. E de testemunhar tentativas para calar a comunicação social também.
► "Mesmo sem depor, sobrinhos do governador do Maranhão são soltosOs dois sobrinhos do governador do Maranhão, Francisco de Paula Lima e Alexandre Maia Lago, foram libertados, apesar de terem se negado a prestar depoimento sobre a Operação Navalha. Os habeas-corpus foram concedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. Eles são suspeitos de fraudar licitações do governo do Maranhão em benefício da construtora Gautama. Ontem, o diretor do Programa Luz para Todos, José Ribamar Santana, também se demitiu. Foi o terceiro integrante do Ministério de Minas e Energia a deixar o cargo. Na manhã de hoje, foram retomados os depoimentos dos investigados pela Polícia Federal".
► Na seqüência da operação "Navalha", e, provavelmente das irritações de senhores juízes e parlamentares, o ministro da Justiça (?), do partido do presidente Lula da Silva, deu instruções à Polícia Federal para a compra de carros celulares destinados a figuras VIP (no Brasil há bandidos de 1ª e bandidos de 2ª, ambos sustentados pelos impostos dos que trabalham). Os novos carros não terão grades, os assentos serão confortáveis, e os vidros terão película negra para não se poder ver o interior – o que é proibido por lei.
Palavras para quê? Isto é Brasil...
► "Além dos milhões de reais desviados dos cofres públicos e consumidos em comissões todos os anos, a corrupção custa ao Brasil cerca de R$ 1,5 bilhão por ano em perdas indiretas. Esse é o total de recursos que deixam de ser gerados por causa dos efeitos da corrupção sobre os investimentos, os gastos do governo, a inflação, a educação e a credibilidade do País, segundo cálculos do especialista Axel Dreher, professor do centro de pesquisas de conjuntura do Instituto Económico Suíço. Com esse dinheiro, o governo federal poderia tapar os buracos de 4 mil quilómetros de estradas."
► A organização Transparência Internacional, que estuda 160 países no tocante à corrupção, atribuiu ao Brasil o lugar 70º, e definiu-o como muito vulnerável ao poder económico, ao poder político e ao crime organizado.



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